EXISTE UM PLANO-TIPO DE MOSTEIRO BENEDITINO?
O papel do «plano de Sankt Gall»
D. Daniel Misonne, OSB
Folheando o luxuoso álbum Loci ubi Deus quæritur (Lugares onde se procura Deus), publicado em 1999, que apresenta um repertório amplamente ilustrado dos atuais mosteiros beneditinos no mundo, ficamos impressionados com a enorme variedade de conjuntos arquitetônicos: as construções não estão dispostas de acordo com um plano uniforme, são representados os estilos mais diversos, variam as dimensões, ora é um mosteiro modesto escondido, ora é uma abadia altaneira dominando completamente os arredores. À vista de semelhante disparidade, seria possível encontrar em todas elas um traço comum? Existe, ou terá existido, algum plano padronizado de mosteiro beneditino? A essas perguntas gostaríamos de dar aqui um começo de resposta. Contudo, é bom lembrar que se existem hoje várias centenas de mosteiros com vida, existiram muito mais no passado, atualmente em ruínas ou desocupados, que encontramos em todos os continentes, isto é, inseridos em contextos culturais extremamente diversos. É possível descobrir neles, quanto ao plano arquitetônico, um caráter comum?
Muitas fotografias do mencionado álbum são aéreas, o que permite uma visão global do mosteiro todo e de seu entorno imediato. Pode-se distinguir relativamente bem o mosteiro propriamente dito (os lugares regulares) das construções anexas (colégio, hospedaria, oficinas, granja etc.) que ocupam um espaço bem mais amplo do que os edifícios claustrais. Essas construções anexas são visivelmente criações adventícias e sucessivas, de arquitetura díspar, feitas para responder às necessidades econômicas. É um fenômeno constante através dos tempos: são sempre os locais periféricos da abadia, muito mais que o centro, que foram e ainda são objeto de transformações e de construções. É normal. Não nos ocuparemos aqui desses locais que poderíamos chamar periféricos; nos limitaremos aos edifícios exclusivamente monásticos, aqueles que se destinam às ocupações cotidianas dos monges como a oração, as reuniões comunitárias, as refeições, o repouso etc. Tentaremos retraçar-lhes a história desde as origens e sublinhar suas constantes. Mas daremos uma particular atenção a um plano carolíngio (o plano chamado de «Sankt Gall») destinado a um sucesso surpreendente até o século XIX.
O mosteiro no tempo de São Bento
Ao organizar, em sua Regra, a vida da comunidade, São Bento cita um determinado número de lugares do mosteiro. Mas não estabelece nenhum plano determinando como eles estariam dispostos nem os situa uns com relação aos outros. Todavia, considerando o contexto, podemos vê-los distribuídos em três grandes espaços: o dos lugares regulares, o dos locais mais ou menos periféricos e o dos anexos. Antes de nos dedicarmos aos lugares regulares – objetivo dessas páginas – digamos rapidamente uma palavra sobre os dois outros.
O espaço dos lugares periféricos comporta o dos noviços (cella novitiorum) onde há uma sala comum, um dormitório e um refeitório (ubi meditent et manducent et dormiant, RB 58, 5); o dos doentes (RB 36), que inclui um dormitório, uma sala comum ou refeitório, o quarto do enfermeiro e talvez uma «sala de banho»; enfim, a parte reservada aos hóspedes (cella hospitum) com leitos em número suficiente, um refeitório e uma cozinha à parte (RB 53); integrada a esta hospedaria encontra-se a porta de entrada do mosteiro (porta monasterii) com a cela do porteiro (cella portarii) e possivelmente uma sala de espera (RB 66). O terceiro espaço é o dos anexos: São Bento fala das oficinas (RB 57), da devolução dos utensílios (RB 32), de uma horta cercada por um muro (claustra, RB 66).
Vamos agora aos lugares regulares. Antes de tudo há o oratório (oratorium) «onde só se fará o que seu nome indica» (RB 52). É ali que os irmãos se reúnem para o Ofício divino e a Eucaristia, e onde podem se recolher em silêncio para rezar a sós ou juntos (RB 20). Há também o refeitório (mensa) onde os irmãos tomam suas refeições duas ou três vezes ao dia (RB 41) e, provavelmente muito próximas, a cozinha (coquina), a despensa (cellarium) e a padaria (pistrinum) (RB 46). O dormitório (RB 22), talvez vizinho ao oratório, comporta, conforme o tamanho da comunidade, uma ou mais salas. São Bento cita ainda a rouparia (vestiarium) onde são guardados os hábitos dos irmãos (RB 55) e a biblioteca (bibliotheca) de onde se podem retirar os livros (codices) (RB 48).
Tais são os diversos lugares citados expressamente por São Bento. Mas, evidentemente, devem ter existido outros, que ele não cita, como a sacristia «onde se guardam os vasos sagrados do altar» (RB 31), o scriptorium, onde são copiados os livros, se conservam os documentos administrativos e jurídicos (breve, petitio) e se guarda o material para escrever (graphium, tabula), uma schola para os meninos, os lavatórios para o asseio pessoal diário e a lavagem de roupa, as latrinas etc. Não há menção do claustro no sentido de uma galeria de circulação nem certamente da sala do capítulo, que só vai aparecer bem mais tarde.
Se, por conseguinte, estamos bem informados acerca do que o mosteiro de São Bento devia comportar em matéria de lugares, entretanto, não o estamos, repetimos, sobre como eles eram organizados. Seriam distribuídos conforme o plano da villa rustica ou, como se sugeriu, dos mosteiros sírios dos séculos V e VI? Porém, de qualquer modo, não são as construções materiais de Montecassino que servirão de modelo arquitetônico para nossos mosteiros, visto que serão totalmente destruídas pelos lombardos, uns vinte anos depois da morte de São Bento. Não, é a própria Regra, e tão somente ela, que fornecerá os elementos constitutivos de uma arquitetura beneditina.
O mosteiro na época carolíngia
Foi preciso esperar a época carolíngia para ver se delinear o plano que seguirão geralmente os construtores de mosteiros no Ocidente. Desde 800, já dispomos de textos esclarecedores: assim, sabemos pela «Vida» de São Filisberto que a abadia de Jumièges (no baixo vale do rio Sena) tem o aspecto de um vasto quadrilátero; o lado norte está ocupado pela igreja abacial voltada para o Oriente; o lado leste, de 97 metros, comporta no piso uma sala de estar e, em cima, um dormitório. No lado sul, está o refeitório e, no lado oeste, as despensas. Um outro texto quase contemporâneo, referente desta vez a uma abadia vizinha, Fontenelle, afirma que ela está disposta de maneira similar: como em Jumièges, o mosteiro é contíguo à igreja abacial, mas do lado norte; o lado oriental, que prolonga o transepto norte, corresponde ao dormitório; do lado oposto, isto é, do lado oeste, se encontram o refeitório e a despensa; o lado norte, paralelo à igreja e fechando o quadrilátero do claustro (com pórticos), compreende a rouparia e uma sala de estar com aquecimento (caminata). Há ainda três pequenas edificações interligadas ao conjunto: uma biblioteca adjacente ao claustro oriental, uma sala de arquivo dando para o claustro ocidental e, enfim, uma construção situada do lado norte da abside, que o cronista chama de conventus, curia, ou ainda por um termo grego: bouleuterion. Esta última, diz-nos ele, foi construída recentemente pelo Abade Ansegísio (823-833) e serve como lugar do conselho. Sem dúvida alguma, trata-se do que mais tarde se chamará sala do capítulo. É a primeira vez que, nos textos, se menciona explicitamente um tal lugar. O fato de designá-lo por diferentes termos faz supor que não havia ainda designação oficial para ele e não fora ainda «institucionalizado». Por outro lado, escavações realizadas no lugar da abadia carolíngia de Saint Riquier, no norte da França, revelaram que os edifícios regulares tinham, como em Fontenelle e Jumièges, a forma de um vasto quadrilátero.
O plano de «Sankt Gall»
No primeiro quartel do século IX, quando se abriram numerosos canteiros monásticos e muitos abades se interrogavam sobre o traçado mais apropriado para suas construções, os soberanos carolíngios estimularam o estudo de um projeto ideal no qual figurassem todos os elementos constitutivos de uma grande abadia. Assim se explica a elaboração de um plano tão detalhado, chamado de «Sankt Gall», por estar ainda hoje conservado na biblioteca da antiga abadia de Sankt Gallen (Suíça). Trata-se de um plano utópico, uma espécie de «esboço básico», desenhado por volta de 820, onde se acham dispostos de maneira lógica os diversos lugares citados pela regra beneditina, bem como tudo o que as circunstâncias de lugar e de tempo impuseram à instituição monástica.
Neste plano ideal, distinguem-se as três zonas do mosteiro: os lugares regulares (igreja e edifícios claustrais), os edifícios fora da clausura (hospedaria, dependências do abade, enfermaria, noviciado) e os comuns (oficinas, granja etc.) Este plano poderia servir de modelo para as grandes abadias, o que elas fizeram com uma certa liberdade; outros mosteiros, porém, de dimensões médias ou mesmo modestas, se contentarão em inspirar-se nele conforme suas possibilidades e necessidades. Entretanto, não se deve procurar esse plano naqueles numerosos pequenos priorados rurais onde a exploração agrícola impôs suas disposições particulares.
Deixemos de lado os edifícios fora da clausura e os comuns para nos limitarmos aqui somente ao exame dos lugares regulares, e vejamos como estão dispostos. O plano permanecerá em vigor até o século XVIII e mesmo até mais tarde. No século XII, foi adotado pelos cistercienses, com algumas modificações exigidas pela instituição dos conversos. Mas, continuou como «plano-padrão» por vezes melhorado ou adaptado às novas necessidades.
Comecemos pela igreja. No plano de Sankt Gall, ela ocupa o lado norte inteiro de um vasto quadrilátero. Não nos espantemos com esta situação: estamos ao norte dos Alpes e é preciso se proteger do frio. A grande nave da igreja, por sua elevação e seu volume, constituirá esta barreira contra o vento norte e a geada, e as três outras alas do quadrilátero estarão assim ao abrigo dos invernos rigorosos. Contudo, nem sempre será possível construir a igreja do lado norte, ora porque as condições do terreno não permitem, ora devido à configuração do terreno (em declive, por exemplo), a um rio em cujas margens se elevam os edifícios ou a um solo pantanoso. Se não for do lado norte, a igreja ocupará um dos lados do quadrilátero. Essa igreja é, na maioria das vezes, flanqueada por uma ou duas torres, encimadas por um campanário. (Essas torres figuram no plano de Sankt Gall). Tais construções, com freqüência monumentais, contrastarão nitidamente com os modestos campanários das abadias cistercienses. No interior da igreja, o coro ocupa um espaço importante entre o presbyterium e a nave (às vezes mais reduzida que o próprio coro). Pois não se trata de uma igreja paroquial e sim de uma igreja essencialmente abacial, destinada às necessidades litúrgicas da comunidade monástica.
Passemos agora aos lugares regulares. Eles constituem um conjunto de três alas de dimensões parecidas, senão idênticas que, encostadas ao flanco da igreja, formam com ela um quadrilátero. Este pode ser tanto um quadrado como um retângulo. Na maioria das vezes, o pátio interno está adornado, no meio, por uma fonte ou um poço. Ao seu redor, um claustro, galeria aberta, comunica as três alas entre si e com a igreja. A ala oriental comporta, no andar térreo, a sacristia contígua à igreja, a sala capitular (criação «tardia», não consta no plano de Sankt Gall, mas se tornará muito comum no século X) e, finalmente, o calefatório (calefactorium) ladeando o scriptorium. O andar de cima é inteiramente ocupado pelo dormitório que se comunica com a igreja (coro e transepto) por uma larga escadaria. A ala paralela à igreja é ocupada, no térreo, pelo refeitório, ao lado do qual estão a cozinha e a copa. Caso o refeitório, por sua altura, não impeça a utilização de uma parte do andar de cima, este será ocupado pela biblioteca. A ala ocidental era primitivamente reservada ao celeireiro, porém, mais tarde, será utilizada freqüentemente pelos hóspedes e as dependências do abade. Trata-se de uma construção que terá um uso bastante diversificado e os cistercienses dos séculos XII a XV a destinarão exclusivamente aos conversos.
Permanência do plano de Sankt Gall
Como esta distribuição dos locais corresponde bem às funções práticas da vida cotidiana, não nos surpreende encontrá-la de modo invariável, apesar das renovações e reconstruções ao longo dos séculos. Assim, o refeitório continua na ala paralela à igreja. O capítulo se situa regularmente em uma ala perpendicular à igreja abacial; o dormitório (ou as celas individuais) está no andar superior desta ala. Mesmo levando em conta todas as modificações ditadas pela evolução do modo de vida, é o mesmo traçado dos lugares regulares, ou quase, que perdura, idêntico ao que fora desenhado nas origens.
Para nos darmos conta disto, basta olhar as aquarelas dos Álbuns de Croÿ (princípio do século XVII) concernentes aos mosteiros beneditinos do norte da França e da Bélgica atual (publicados em Bruxelas, em 1990); ou as gravuras desenhadas no século XVIII representando as abadias e priorados da França, reunidas nos grandes volumes do Monasticum Gallicanum (Paris 1877). Constataremos que a maioria desses mosteiros conservaram na época moderna o plano primitivo do quadrilátero, do qual a igreja constitui um dos costados. De resto, subsistem ainda hoje, na Europa, muitas abadias vivas que testemunham a permanência desse plano: a título de exemplos, indicamos as abadias de Finalpia e Novalesa, na Itália; Břevnov, perto de Praga; Disentis e Engelberg, na Suíça. Também no Brasil, nas abadias construídas no século XVII, vamos encontrar as disposições dos lugares regulares conforme o proposto no plano do século IX; por exemplo, os atuais mosteiros de São Bento do Rio de Janeiro e de São Paulo.
Às vezes, o plano de Sankt Gall, embora mantido em suas grandes linhas, foi modificado pela localização da igreja abacial, situada não mais em um dos lados do quadrilátero, mas no centro do conjunto monástico. A época barroca, nos países germânicos, privilegiou esse tipo de disposição. É o caso das abadias de Göttweig e de Melk, na Áustria; Seitenstetten, Ettal ou Ottobeuren, na Baviera; Einsiedeln e Engelberg, na Suíça. Decerto, o aspeto geral da abadia foi transformado, mas a distribuição dos lugares regulares continuou notoriamente a mesma.
O plano de Sankt Gall foi retomado, quase escrupulosamente, nas novas construções dos séculos XIX e XX. É o que se pode constatar num certo número de abadias construídas na corrente neogótica do século XIX e até depois. A abadia de Maredsous é, sem dúvida, o modelo mais completo. Nela, pode-se ver, nos mínimos detalhes, os elementos de uma abadia medieval: a igreja abacial ocupa o lado norte e os lugares regulares têm a mesma localização como no plano de Sankt Gall. O arquiteto repetiu, quase com as mesmas dimensões, a disposição da abadia de Villers. A abadia de Münsterschwarzach, na Baviera, construída no princípio do século XX, foi também edificada conforme o plano tradicional; é também o caso da abadia de Randol, na França (construída na segunda metade do século XX) e da recém construída abadia de Waegwan, na Coréia.
Outros planos
Entretanto, em numerosos mosteiros beneditinos dos séculos XIX e XX, não há nada que lembre o plano de Sankt Gall. Deve-se isto a diversas razões. Retenhamos duas. Primeiramente, uma razão de ordem econômica. No começo, projetou-se construir os edifícios num quadrilátero, segundo o plano tradicional; construiu-se uma primeira ala para servir de habitação à novel comunidade, mas esta não cresceu como se pensara, ou faltaram recursos. A construção parou então por um certo tempo. Mais tarde, deu-se prosseguimento às edificações conforme as necessidades e as disponibilidades financeiras. Nesse meio tempo, o plano original foi abandonado. Foi o caso, notadamente, do mosteiro de Wavreumont, na Bélgica, e de Gihindamuyaga, no Ruanda.
A segunda razão é mais radical. A partir de meados do século XX, novas comunidades renunciaram voluntariamente ao plano tradicional. Queriam que o novo mosteiro fosse, sobretudo, a expressão de uma vida simples, despojada, convivial; aspiravam a um estilo de vida de «tipo doméstico»; para tanto, eliminaram tudo o que, na arquitetura e na disposição dos lugares, pudesse favorecer um comportamento hierático e ritualista. Repensaram a disposição dos lugares à semelhança de uma casa, onde são privilegiados os lugares de intimidade (o quarto, cuja porta pode ser fechada para lá se retirar), os lugares de comunhão (onde se pode formar o círculo familiar) e, enfim, os lugares de acolhida (casa aberta para o mundo em redor). O P. Frédéric Debuyst, OSB, de quem retomamos estas imagens, fala do plano utópico de Sankt Gall, «esta elevada e perigosa simbologia que muito freqüentemente nos levou a construções de tipo 'palaciano' e aristocrático, e a arquiteturas de dominação. Embora os monges ali vivessem modestamente e sem arrogância, o seu 'habitat' não deixava de constituir uma enorme extrapolação. Podemos tentar explicar, através da história política e cultural, a descontinuidade entre esta tradição monumental e o Evangelho. Não seria honesto querer simplesmente ignorá-la ou negá-la.»
Seria útil lembrar aqui que o plano em quadrilátero, herdado de Sankt Gall, não foi exclusividade dos mosteiros beneditinos. Encontramos também o mesmo – embora, às vezes, em menor escala – nas construções dos cistercienses, dos premonstratenses, dos cônegos regulares e até nas ordens dominicana e franciscana. Porém, estas diversas ordens sentiram igualmente o desejo de uma volta aos valores evangélicos de simplicidade e de verdade. Daí uma grande leveza na disposição e no tamanho de seus «lugares regulares.»
Para concluir
Este rápido percurso sobre a história de um plano-padrão de mosteiro beneditino na Europa ocidental deixou de lado vários aspectos que mereceriam, sem dúvida, serem ainda abordados. Sobretudo, não tratamos dos mosteiros femininos, tão numerosos quanto os masculinos. Ora, muito provavelmente, se as monjas dispunham de um espaço regular idêntico ao dos monges, deviam ter, dentro de seus lugares regulares, locais destinados a suas atividades próprias: uma sala de trabalho, um ateliê de paramentos litúrgicos, uma sala de desenho e de iluminuras etc. Além disso, a clausura delas, geralmente mais estrita que a dos monges, lhes impunha certos limites sob o ponto de vista arquitetônico.
Também não tratamos dos pequenos mosteiros, priorados rurais ou urbanos, que contavam com um número restrito de monges. Não eram «abadias em menor escala» e a disposição dos lugares devia variar de uma casa para outra, de acordo com suas ocupações próprias (exploração agrícola, serviço paroquial etc.). Não seria fácil tratar deles aqui, pois sua arquitetura, salvo exceções, nada tinha de especificidade particular.
Seria interessante estabelecer uma espécie de «tipologia» das construções monásticas fora da Europa. Deixando de lado a América Latina, que conheceu a arquitetura beneditina desde o século XVII, é possível notar nos outros continentes (sobretudo na África e na Ásia) uma evolução paralela à dos mosteiros da Europa? Com certeza, pois assim como há um contraste entre a imponente abadia de Montecassino e a modesta abadia de Glastonbury (Massachussets, Estados Unidos), a África vê a grande abadia de Peramiho (Tanzânia) contrastar com os mosteiros de Bouaké (Costa do Marfim) ou de Kinshasa (Congo). O clima, os materiais de construção, o meio-ambiente bem como os usos, os costumes e as mentalidades podem determinar a disposição dos espaços monásticos. Se estas linhas puderem suscitar reflexões e sugestões não sobre um plano, mas sobre planos de mosteiros, a partir de experiências já vividas, não terão sido inúteis.
D. Daniel Misonne, OSB, é monge da Abadia de Maredsous (Bélgica).
Traduzido do francês por D. Matias Fonseca de Medeiros, OSB.