Ecos do Mosteiro «Árvore da Vida»[1]

arbrevie3Depois da segunda-feira da Páscoa, dia 25 de abril de 2011, nossa comunidade mudou-se para o novo mosteiro. Agradecemos aqui a todas as pessoas de boa vontade que nos ajudaram nesta construção, especialmente o Padre Martin Neyt e toda a AIM.

Estamos felizes por nos encontrarmos neste lugar que agora chamamos «nossa terra prometida». Temos um espaço para viver nossa vida monástica em todos os sentidos e principalmente na sua intuição primeira: a oração e o trabalho.

O que é interessante é a acolhida que a população dos arredores nos reservou, uma população pobre mas cheia de vida e de fé. Desde que aqui chegamos, numerosos vizinhos vêm rezar as Laudes e a Missa conosco, e no domingo, a sala do noviciado que serve de capela  provisória, fica repleta e temos que colocar bancos do lado de fora. A urgência de uma igreja já se faz sentir. O fervor destes cristãos nos estimula em nossa vocação.

Os vizinhos não vêm apenas se alimentar da Palavra de vida na «Árvore da Vida», mas vêm também se abastecer de verduras. Graças a uma ajuda recebida, nós plantamos muitas  árvores frutíferas e verduras. Com a colaboração de um amigo agrônomo, conseguimos muitas sementes de verduras, adubo e alguns instrumentos de trabalho. Hoje colhemos muitas frutas e nossas verduras e legumes são vendidos para grande alegria e satisfação da vizinhança.

Acabamos de colher mais de 400 kilos de tomates e há ainda no jardim, e, a cada três dias fazemos uma nova colheita. Um dos jovens que trabalha conosco já pagou suas contas com o dinheiro de seu trabalho, e uma senhora pagou seu aluguel com o fruto de seu trabalho.

arbrevie2Nossos tomates, por exemplo, nós não os vendemos para os grandes comerciantes: uma senhora pobre do quarteirão vem comprá-los a um preço módico para os revender, assim ela tem com que pagar os cuidados médicos de seus filhos... Vendemos também sementes de flores e de verduras a preço baixo, para que cada um possa cultivar sua horta. Como não agradecer de todo o coração por tudo o que fizeram por nós e por toda a população vizinha?

Ao lado deste aspecto «alimentação», nós oferecemos a água potável aos vizinhos, graças a um poço que cavamos com ajuda recebida de nossas irmãs da Bélgica. Um poço de 125m de profundidade (trata-se de água que brota das rochas, como  nos garantiu o construtor que realizou o trabalho). Temos um grande reservatório com uma bomba. A população paga uma pequena taxa por um garrafão de 20 litros de água, e nós abrimos a torneira três vezes por semana. E é com este dinheiro que alimentamos o motor e isto ajuda também a compensar os gastos de manuntenção.

O que nos incomoda é que todo o bairro vive no escuro e nós, nós temos luz elétrica. Um grupo de vizinhos veio nos pedir para ajudá-los a eletrificar o bairro... Fomos até a SNEL (Sociedade Nacional de Eletricidade) para apresentar o caso. Foi feita a promessa de um estudo da questão, mas até hoje nada!

Felizmente, um técnico nos disse que com o rio que atravessa a nossa propriedade há meios de instalar uma turbina que fornecerá corrente elétrica para toda esta população. Vejamos...

Para ajudar todos estes vizinhos ao nível da saúde, uma de nossas irmãs, após seu estudo de enfermagem, começou um «Centro de Saúde» sob uma tenda, mas tivemos que interromper, pois é preciso uma sala. Procuramos de novo fundos para construir algumas salas para ministrar os primeiros socorros.

arbrevie1Como para nos encorajar, as autoridades municipais de Mont-Ngafula acabam de batizar a nova cidade onde moramos de «Cidade Árvore da Vida».

Vivemos também uma grande alegria: as jovens pré-postulantes da comunidade trapista de Mvenda vêm passar um ano de formação no meio de nós. Os laços de amizade entre as duas comunidades são bem estreitos e nos estimulam a viver uma vida monástica mais autêntica e fraterna.

Na alegria do Cristo,

Suas irmãs da Árvore da Vida.

Traduzido do francês por Madre Emanuela Franco de Lima, OSB (Prioresa do Mosteiro da Água Viva, Itacoatiara, AM).

[1] O Mosteiro «Árvore da Vida» (Monastère l’Arbre de Vie), de monjas beneditinas, está situado em Kinshasa, na República Democrática do Congo.